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domingo, 6 de fevereiro de 2022

Astronauta esculpido em igreja de mais de 500 anos é "mistério" na Espanha


 

 

Obras do tipo não são uma exclusividade espanhola, mas a região de Castela e Leão se especializou no assunto. Naquele ano, quando Barcelona sediava sua célebre Olimpíada, Salamanca se preparava para receber a exposição "As Idades do Homem", uma famosa mostra de arte sacra espanhola.
Para um evento desse porte, uma restauração seria bem-vinda à Nova Catedral. "Nova" naquelas. Como acontece em outras cidades europeias, é uma pegadinha de relatividade: ela começou a ser construída em 1513, enquanto a outra catedral em Castelo e Leão foi erguida entre os séculos 12 e 14.
Considerada um dos melhores exemplos do gótico tardio espanhol, segundo Rolf Toman, Barbara Borngässer e Achim Bednorz no livro "Churches and Cathedrals", a Nova Catedral tem uma "estrutura esquelética que cria um exterior monumental com interiores de proporções generosas". Ela foi concluída em 1733. Durante a restauração dos anos 1990, um artista chamado Miguel Romero, envolvido nas obras, decidiu deixar sua marca na lateral do templo. Era algo que, segundo o historiador Benjamín García-Hernández, em entrevista ao jornal espanhol "El Comercio", era corriqueiro na Idade Média.
Romero resolveu homenagear os avanços tecnológicos do século passado e tascou um astronauta em meio aos ramos. A ala ganhou também um dragão tomando sorvete.

Apesar de ser uma história relativamente nova e bem documentada, ela alimenta uma série de especulações absurdas. Tanto que sites sérios, dedicados a derrubar esses mitos criados na internet, precisam gastar tempo com o assunto. Mas não dá para negar. Toda essa mística de "Eram os Deuses Astronautas?" tem apelo, e o "astronauta de mármore" da Nova Catedral virou um dos pedacinhos mais procurados e fotografados da catedral. Em 2011, de acordo com o site "El Mundo", foi a vez de ele passar por uma restauração, após ter um braço vandalizado. Se a região espanhola não estivesse satisfeita com a intervenção/viagem no tempo de Romero, teriam removido o astronauta nessa oportunidade.
 

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Como a indústria do bem-estar está dominando o mercado do turismo


 

 

ue tal um dia de viagem que começa um com café da manhã rico em ingredientes da culinária local e depois segue para uma incursão a uma montanha, ao lado de um experiente instrutor de educação física? Ou talvez passar alguns dias surfando em uma praia particular, com meditações regulares na floresta tranquila da Costa Rica? Ou ainda aperfeiçoar seus conhecimentos de ciclismo — é claro, com acupunturistas à espreita caso você precise aliviar a dor pós-pedalada? Bem-vindo ao mundo do turismo de bem-estar!!!

O mercado do bem-estar — uma cadeia global de terapias, exercícios, nutrientes e mais — viveu uma ascensão triunfante na última década. As percepções de milhões de pessoas sobre a importância da dieta, do cuidado com o corpo e das práticas saudáveis se transformaram, fortalecendo novos e vibrantes nichos de negócios. E, à medida que o cardápio do bem-estar se expande, os mercados relacionados, do comércio de alimentos à hotelaria, estão começando a oferecer produtos que refletem os valores de consumidores preocupados com corpo e mente.

Marcas que há anos apostam no estilo de vida de bem-estar, como a rede de fitness e serviços Equinox; a SoulCycle, que oferece aulas de ciclismo indoor de alto nível; ou a varejista de roupas esportivas Lululemon, estão fazendo de tudo para acompanhar a corrida e oferecer também a seus consumidores opções de viagens. O turismo de bem-estar é definido pelo Global Wellness Institute (Instituto Global do Bem-Estar, em tradução livre), uma entidade sem fins lucrativos com sede nos EUA, como "viagens associadas à busca por manter ou melhorar o bem-estar pessoal".
Não que estes objetivos sejam uma novidade para quem viaja: pense nas peregrinações ao Mar Morto ou em fontes termais na Ásia. O diferencial agora é que, por um lado, o consumidor vê nessas viagens uma extensão de seus valores e estilo de vida. Da parte do mercado, há maior profissionalização e sofisticação dos programas — o que geralmente significa refeições planejadas rigorosamente, exercícios supervisionados e ênfase nos princípios da atenção plena e evolução pessoal. Isso, claro, tem um preço que chega facilmente aos milhares de dólares — o que faz críticos apontarem para o bem-estar como um privilégio dos mais abastados. Os defensores deste tipo de serviço, no entanto, afirmam oferecer oportunidades de desenvolvimento pessoal e de envolvimento da comunidade.

Mas além das opiniões, vamos aos fatos sobre este mercado. Extravagância em novas fronteiras De 2015 a 2017, o mercado global de turismo de bem-estar cresceu de US$ 563 bilhões para US$ 639 bilhões, ou 6,5% ao ano — mais que o dobro do crescimento do turismo em geral, de acordo com o GWI. Até 2022, o instituto prevê que o mercado chegará a US$ 919 bilhões (18% de todo o turismo global), com mais de um bilhão de viagens individuais em todo o mundo. Anne Dimon, presidente da Wellness Tourism Association (Associação de Turismo de Bem-Estar), acrescenta que, embora qualquer um possa ser um "turista do bem-estar", o perfil principal é de mulheres com nível superior e idade entre 30 e 60 anos.

Quem for cliente da Equinox, a academia de ginástica americana conhecida por suas luxuosas comodidades e alto valor de matrícula (podendo chegar a mais de US$ 3 mil, cerca de R$ 13 mil), pode desfrutar de uma nova linha de viagens de bem-estar holísticas e luxuosas. Clientes assim são o que Beth McGroarty, diretora de pesquisa do GWI, descreve como viajantes "primários" do bem-estar — aqueles que viajam com o foco exclusivo em experiências ou destinos centrados no bem-estar. E embora esse grupo represente apenas 14% dos gastos com este segmento de turismo — os outros 86% vêm de viajantes "secundários", que incorporam atividades de bem-estar em viagens de negócios ou lazer padrão, seu custo médio de viagem é muito, muito maior.

"Viajantes (primários) no nível doméstico gastam cerca de 178% a mais do que o viajante médio", diz McGroarty. "E no nível internacional, eles gastam 53% a mais." Para a Equinox, entrar no ramo do turismo significa recriar a extravagância de sua marca em novas fronteiras. E a fórmula tem se mostrado promissora: Leah Howe, diretora sênior da Equinox Explore (a linha de viagens da marca), afirma que quase 100% de seus clientes manifestaram interesse em participar de uma viagem. Várias das seis excursões planejadas para 2020, cada uma limitada entre 12 a 20 pessoas, já se esgotaram.

O pacote mais barato, uma excursão de quatro dias por Florença, começa em US$ 2.350 (cerca de R$ 10,6 mil); o mais caro, por seis dias de caminhada no Marrocos, a partir de US$ 6.250 (R$ 28,2 mil). Aqueles que puderem desembolsar o último valor chegarão no cume do Monte Toubkal ao lado de dois treinadores profissionais, terão jantares com a culinária local e participarão de sessões de ioga e banho a vapor.

O objetivo do Explore, diz Howe, é que os membros do clube voltem para casa se sentindo melhor do que quando saíram. É por causa de sua conexão pré-estabelecida com a marca que eles confiam na Equinox para tomar as rédeas da viagem. 'Pseudociência' No entanto, pode-se argumentar que cultivar o bem-estar pode ser simples e relativamente barato.

"Os conceitos básicos de uma boa saúde são inequívocos", diz Margaret McCartney, clínica geral atuando Glasgow. "Não fumar, tomar cuidado com álcool, ter uma dieta com frutas, vegetais e cereais integrais, exercício, conexões sociais." Assim, à medida que a indústria do bem-estar cresce, existe o risco de sermos levados a gastar excessivamente?
Isso depende, opina David Colquhoun, farmacologista da University College London e autor do blog sobre ciência DC's Improbable Science. "Ninguém poderia ser contra o bem-estar. Seria como se opor à maternidade ou à torta de maçã", escreveu ele em 2011. "A única questão que realmente importa é: quanto disso funciona?" O segmento de bem-estar, não apenas o de turismo, inclui bastante coisa. Há serviços das marcas como SoulCycle ou Equinox que permitem aos membros esquecer das burocracias e focar no relaxamento, cuidado e prazer. Mas esta indústria inclui também empresas criticadas por promover produtos e práticas cientificamente não comprovadas e algumas vezes danosas, como produtos dietéticos "homeopáticos" ou tênis "minimalistas" que aumentam o risco de lesões. A Goop, marca fundada pela atriz americana Gwyneth Paltrow e que também está entrando no ramo, é frequentemente acusada de promover pseudociência — um programa recente no Netflix sobre a marca e sua criadora, o Goop Lab, foi descrito como um "risco considerável à saúde" por Simon Stevens, chefe-executivo do órgão britânico de saúde National Health Service. Mesmo sob críticas, a marca está crescendo e também dando seus primeiros passos no turismo. Em janeiro, a Goop anunciou seu cruzeiro de estreia — que percorrerá Espanha, França e Itália em agosto por 11 noites e terá programação com aula,  palestras e encontros com Paltrow em pessoa. O preço inicial é de US$ 2 mil (R$ 9 mil).

Kiki Koroshetz, uma das diretoras da Goop, diz esperar que os clientes levem para casa "uma nova perspectiva, um ciclo mental que possa ser reproduzido regularmente na mente de alguém. Uma ferramenta para gerenciar o estresse, para ter uma conversa difícil, para experimentar mais alegria, para encontrar conexão."